Inclusão no mercado de trabalho traz autoestima para pessoas com deficiência

Sandra Landsberg, de 32 anos, tem síndrome de Down e trabalha em uma drogaria em Copacabana, no Rio de Janeiro. A jovem foi contratada como suporte operacional e há três meses é responsável por repor os produtos nas prateleiras e orientar os clientes. “Estou muito feliz com o meu trabalho”, diz Sandra, que gosta particularmente de organizar a sessão infantil.

A contratação foi fruto do Programa Lado a Lado, realizado pela Droga Raia. A iniciativa da rede de drogarias já empregou, desde janeiro, mais de 400 pessoas com deficiência em todo o Brasil – 50 empregados têm síndrome de Down. A empresa desenvolve uma série de ações para integração e acolhimento dos novos funcionários, desde a seleção até o acompanhamento do trabalho.

Segundo a gerente de Recursos Humanos da Droga Raia, Vania Medina, no caso das pessoas com síndrome de Down, por exemplo, é permitida a participação da família em todo o processo de contratação e o funcionário pode optar pela carga horária. “Como sabemos que as pessoas com síndrome de Down geralmente fazem terapias e outras atividades, eles podem trabalhar quatro, cinco ou seis horas por dia. Nós entendemos que essas atividades paralelas contribuem muito para a vida pessoal e também para o trabalho”, explica.

A empresa tem uma equipe no setor de recursos humanos especializada na contratação e no acompanhamento das pessoas com deficiência. O grupo desenvolve atividades e palestras para orientar e sensibilizar os demais funcionários no acolhimento dos novos contratados. Além disso, recebe constante especialização e atualização sobre inclusão no mercado de trabalho para disseminar os conhecimentos a todos os demais setores da empresa.

Autoestima em dia

Sandra Landsberg já está completamente integrada à equipe da loja. Segundo os colegas, ela é muito querida por todos e “exige” pelo menos um abraço por dia de cada um. A atendente, por sua vez, está feliz da vida com os amigos que fez no trabalho.

 

Para a mãe de Sandra, Tamara Landsberg, a conquista do primeiro emprego teve grande importância na vida da filha. Segunda ela, Sandra ganhou autoestima, passou a se comunicar melhor e “mudou sua postura diante do mundo”. Além da estimulação desde pequena, a atendente sempre foi incentivada a ter uma vida social ativa. “Sempre levei minha filha comigo para todos os lugares. Muitas vezes, o preconceito começa dentro de casa”, afirma Tamara.

Além do trabalho, Sandra namora, sai sozinha, faz cursos e adora conversar. Seu próximo desejo é oficializar a relação de três anos com Alexandre, de 29 anos, que também tem síndrome de Down. “Nós dois trabalhamos e agora queremos nos casar”, conta, animada.

por Ana Paula Abreu