Tese sobre concurso público para pessoas com deficiência intelectual menciona Movimento Down

Exxemplo de versão em leitura fácil produzida pelo Movimento Down
Exxemplo de versão em leitura fácil produzida pelo Movimento Down

Por lei, todos os concursos para cargos públicos devem prever uma reserva de vaga de até 20% para pessoas com deficiência. As provas devem ser adaptadas às necessidades dos candidatos. Mas, apesar da legislação garantir este direito a todas as pessoas com deficiência, nunca se havia pensado nas alterações adequadas às pessoas com deficiência intelectual.

A Subprocuradora-Geral do Trabalho do Ministério Público do trabalho, Maria Aparecida Gugel, apresentou uma tese sobre o assunto no XX Congresso Nacional do Ministério Público. Com o título “Concurso Público para Pessoas com Deficiência Intelectual”, ela defende que a adaptação do conteúdo das provas para as pessoas com deficiência intelectual, para garantir o  direito de acesso ao concurso público em igualdade de oportunidade.

Em sua tese, a Subprocuradora cita as considerações sobre comunicação fácil do  Movimento Down ao enumerar as modificações necessárias para a prova:

“Os critérios de elaboração das provas por especialistas da área da deficiência devem ser baseados em textos orais ou escritos, com a utilização de palavras mais simples e sentenças mais curtas, apresentando sempre uma ideia ou informação de cada vez, sem o uso de metáforas ou abstrações. A apresentação das provas deverá clara e limpa, podendo conter letras em caixa alta para prender a atenção do candidato e facilitar a leitura. Quando se entender próprio, poderá lançar mão do recurso de imagens, fotos, desenhos e esquemas que objetivem a melhor compreensão do conteúdo:

‘Os textos, sejam eles orais ou escritos, devem utilizar palavras mais simples e sentenças mais curtas, apresentando sempre uma ideia ou informação de cada vez. O uso de metáforas também não é aconselhável, já que a sua compreensão requer uma abstração que algumas vezes as pessoas com deficiência intelectual têm dificuldade em alcançar.

Quanto à forma, deve-se optar por fontes simples sobre fundo liso, letras em caixa alta e design mais claro e limpo. Acrescentar imagens, fotos, desenhos, esquemas, infográficos ou qualquer tipo de apoio visual também é importante e facilita muito a compreensão.’Além disso, Maria Aparecida Gugel recomenda que os candidatos com deficiência intelectual tenham mais tempo para realizar o exame e, quando necessário, contem com apoio pessoal durante a realização da prova:

“O apoio tem como o objetivo principal dar suporte emocional ao candidato com deficiência intelectual e também esclarecimentos visando a contribuir para a compreensão do conteúdo das perguntas e, assim, colaborar para potencializar a autonomia ao candidato para as repostas.”

Com base na Convencão sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Gugel afirma que, se não garantir estas adaptações, o Estado estará promovendo a discriminação de pessoas com deficiência e falhando em garantir sua plena participação e inclusão na sociedade.

Por isso, de acordo com ela, se faz  necessária a conscientização da sociedade e das entidades não governamentais sobre o direito ao concurso público também para pessoas com deficiência intelectual, em igualdade de condições com os demais.

Saiba mais sobre acessibilidade intelectual neste artigo publicado no portal Movimento Down.