Amor em dobro: a relação de avós e seus netos com síndrome de Down

O casal Amélia e Paulo Almeida com a neta Maria Eduarda Crédito da foto: Arquivo pessoal
O casal Amélia e Paulo Almeida com a neta Maria Eduarda
Crédito da foto: Arquivo pessoal

A notícia de que um bebê nasceu ou nascerá com síndrome de Down normalmente chega junto com um grande susto para mães e pais. O apoio da família é fundamental para tornar este momento mais tranquilo, sobretudo quando vem dos avós.  É natural que os pais se sintam fragilizados e busquem em seus próprios pais o suporte para lidar com a situação.

“Os pais também precisam ser cuidados nestes momentos difíceis. Há o impacto por ter recebido a notícia e as fantasias e medos que começam a surgir. Quando os avós estão presentes e têm esta aceitação, o processo se torna muito mais fácil para os pais”, afirma Bettina Mattar, psicóloga clínica, mestre em teoria psicanalítica e consultora do Movimento Down.

Bettina acrescenta que grande parte do medo vem pela incerteza do futuro e sobre os cuidados com a criança. A psicóloga, porém, lembra que a insegurança é normal com a chegada de qualquer filho, principalmente o primeiro. “É um processo de cansaço pelo qual todos os pais passam e poder contar com o suporte de pessoas em que se ama e confia é fundamental. Insegurança na família gera insegurança nos pais”.

Confira abaixo depoimentos de avós sobre o momento da notícia e o cotidiano ao lado de netos que têm síndrome de Down.

“Sou a vovó do Antonio, ele tem dois anos e oito meses. Lembro que quando minha filha me falou que pelo seu exame o bebê poderia ter síndrome de Down, chorei por vários dias, pois eu não sabia nada a respeito. Hoje, nosso lar é muito mais feliz, rimos todos os dias e a cada dia ele nos surpreende com sua esperteza e sapequice. Sou uma vovó coruja assumida!”
Viviane Rodolfi, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Pela primeira vez na vida, esqueci-me de mim, deixei meus sentimentos de lado, o protagonismo, e fiquei inteira para minha filha Carol. (…) Um mundo novo surgiu – tudo ao mesmo tempo agora. Uma coisa, no entanto, ficou clara pra mim: qualquer preocupação, qualquer medo, qualquer sentimento de dor, tudo se dissipava quando olhávamos para Alice.”
Sonia Rivello, em depoimento publicado no blog Nossa Vida com Alice

“Quando eu ganhei a Ana Luisa como neta, ganhei também alguém que me fez ver que para ser feliz não é preciso muito. Uma menina vitoriosa por suas conquistas. Sou a avó mais feliz do mundo!”
Miriam Moraes, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Nossa família recebeu o Pedro com muito carinho. Ele nos surpreende a cada dia que passa”
Ana Regina Aquino, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Tenho uma netinha chamada Rafaela, de um ano e seis meses.  Amo quando ela chega à porta de sua casa, olha pra minha e grita “bó”. É a alegria da casa junto com seus irmãos Fabio (6) e Duda(4). Não a tratamos de modo diferente e seguimos a risca as orientações de sua terapeuta ocupacional”
Silvia Malta de Oliveira, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Sou o vovô RUBÃO e há três meses ganhei mais um netinho , Bernardo , a minha mais nova paixão. Tenho me cuidado física e emocionalmente para curti-lo muito e , com certeza , será um dos meus grandes amigos.”
Ruben Lomba , em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

Sou a vovó Rose (ou Rosinha). Na hora que recebi a notícia foi um susto (…) por nunca ter lidado com criança com a síndrome, por não ter experiência e vivência com essa situação. Logo que o vi, me apaixonei. Hoje nosso Bernardo está nos surpreendendo com seu desenvolvimento rápido. Bernardo é um presentinho que caiu do céu em nossa família.”
Rose Mary Lomba, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Sou a avó da Amanda, de quatro meses de vida.  Soubemos que nossa Amanda amada tinha SD no dia do nascimento, ela veio com problemas cardíacos e passou por uma delicada cirurgia. Graças a Deus está bem. Passamos maus bocados com muito medo da cirurgia, pois somos completamente loucos por ela. Ela é muito amada, linda, meiga, muito esperta e guerreira”
Luiza Coelho, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Sou avó do Davi e soubemos durante a gravidez que ele teria síndrome de Down. Ser pediatra e já ter acompanhado crianças com a síndrome ajudou no enfrentamento, mas como mãe naquele momento o que mais me angustiava era pensar em como minha filha se sentia. A Aline foi de uma coragem e lucidez surpreendentes. Choramos sim, faz parte do processo, mas depois partimos pra luta. Cada conquista do Davi só me traz alegria, cada sorriso que dá me enlouquece de paixão.”
Iracema Heyn, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Me sinto muito feliz em compartilhar momentos maravilhosos que passamos com Maria Eduarda. Ela é a alegria de nossas vidas, preenche todo o nosso tempo com suas peraltices , declarações de amor e muita animação. Sei que muitas pessoas acham que ter uma criança com síndrome de Down é muito pesado mas estão enganadas, pois a alegria de conviver com eles, de vencer cada etapa juntos, de vibrar com cada vitória alcançada, nos faz crescer e nos torna pessoas melhores”
Amélia Almeida, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Claudio, lembro-me tão bem de sua carinha quando nasceu, tão bonitinho com os olhinhos puxadinhos. Você teve a sorte de encontrar pais dedicadíssimos e uma mãe guerreira que lhe propuseram todos os meios possíveis para seu desenvolvimento. Você só nos trouxe alegrias e muito carinho .Tornou-se um adulto responsável e vitorioso.”
Anna Helena Chaves Arruda, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook

“Quando engravidei da pequena Isabella, minha mãe estava há quase dois anos com depressão profunda. Já tínhamos rodado vários médicos e muitos nos disseram para desistir porque em função da idade ela não iria mais se recuperar, teria que tomar remédio pro resto da vida. A Isabella nasceu dia 19/10 e minha mãe estava com 32 quilos, para comer e tomar banho precisava de auxilio.

No dia que ela saiu do hospital, minha mãe foi até minha casa com minha irmã, mas não quis nem pegar a bebê, disse que não tinha forças. (…) Passados sete dias, ela fugiu da casa da minha irmã. (…) Eu estava em casa quando tocou a campainha e ela estava na porta. Olhou para mim e disse: “Vim cuidar da minha neta”. Naquele momento, ela renasceu. Desenganada por vários médicos, já engordou mais de dez quilos e cuida da pequena com todo amor que possa existir.” 
Andrea Carvalho, em depoimento na página do Movimento Down no Facebook