Oficina de Fotografia MD e Correios é destaque no jornal O Globo

Nesta quinta-feira, o jornal O Globo publicou uma reportagem sobre a Oficina de Fotografia Movimento Down e Correios, que oferece aulas para pessoas com síndrome de Down na Maré, no Rio de Janeiro. No final do texto, você encontra informações sobre inscrições para uma nova turma de iniciantes. Confira a matéria na íntegra:

Na Maré, aulas de fotografia para pessoas com Síndrome de Down

Com olhar curioso, câmeras penduradas no pescoço e mãos inquietas, um grupo de oito alunos do curso de fotografia para pessoas com Síndrome de Down do Observatório de Favelas iniciou na terça-feira sua primeira aula externa no Piscinão de Ramos. Enquanto alguns corriam para fotografar um cachorro que brincava na calçada, uns caminhavam em direção ao piscinão e outros pediam permissão para fotografar as banhistas. A oficina, realizada desde fevereiro, conta com dez alunos, divididos em duas turmas. Segundo os organizadores, o planejamento das aulas envolve um pouco de teoria, muita prática e meia hora de edição. Após aprender sobre enquadramento, autorretrato e posicionamento, o grupo seguiu esta semana para o piscinão com a missão de aplicar o que aprendeu na sala de aula.

Os idealizadores do curso, o coordenador do Observatório de Favelas, Jaílson Silva, e a coordenadora-geral do Movimento Down, Maria Antônia, explicam que a iniciativa visa qualificar a percepção de mundo das pessoas com Síndrome de Down através da fotografia. Segundo Maria Antônia, o resultado da experiência, patrocinada pelos Correios, foi tão satisfatório que uma nova turma para iniciantes será formada no final do mês.

“A fotografia é uma das formas que eles têm de se reconhecer e de mostrar as coisas de que gostam. Eles podem utilizar a câmera como instrumento de identidade, subjetividade e também como uma forma de dialogar com a sociedade” ressaltou Maria Antônia.

Sujeitos das imagens

Jaílson espera que, após a formatura, em novembro, os alunos se transformem em sujeitos das imagens. Ele adianta ainda que a turma poderá ter mais aulas no ano que vem para aprofundar os conceitos que já foram ensinados.

Segundo a psicóloga do Ateliê Espaço Terapêutico, Luisa Ferreira, a fotografia proporciona a construção de um novo olhar:

— Para eles, sempre há alguém mandando e dizendo o que pode ou não ser feito. Aqui eles podem escolher o que querem fotografar. Aqui, eles tomam as decisões. A turma possui características muito especiais, temos alunos de 12 a 49 anos. Entre eles, uma mãe e três filhos que estudam juntos. Estamos trabalhando muito o autorretrato para que eles possam ver e entender melhor suas particularidades.

Aluna do projeto, Joana de Nascimento, de 26 anos, sempre gostou de fotografar. No entanto, não tirava fotos de si mesma. De acordo com a mãe, Antonieta de Nascimento, a situação mudou após algumas aulas.

— Hoje, minha filha não tem vergonha e tira fotos dela mesmo. No início, fiquei preocupada, pois o curso é muito distante da minha casa, no Méier. Mas ela queria muito e eu resolvi tentar. Valeu muito a pena. Minha filha é esforçada e eu invisto tudo que posso na educação dela. Nós, pais de pessoas com Síndrome de Down, não devemos ficar com medo. Devemos acreditar no potencial dos nossos filhos e dar a eles a chance de conhecer a vida como ela realmente é.

Serviço

Oficina de fotografia
O curso é gratuito
Inscrições: Até 20 de junho
Requisito: Ter mais de 12 anos
Duração: Dez meses
Aulas: Terça ou quinta-feira
Endereço: Rua Teixeira Ribeiro 535, Maré

Os interessados devem entrar em contato com o professor Alexandre Silva pelo telefone (21) 3888-3220, ramal 213, para agendar uma entrevista do processo seletivo.

Fonte: Jornal O Globo