Fernanda Honorato fala sobre sua atuação como repórter e integrante do Movimento Down

O jornal O Fluminense, da cidade de Niterói, região metropolitana do Rio, publicou no último domingo uma entrevista com Fernanda Honorato, repórter e integrante do Conselho Editorial Jovem do Movimento Down. A matéria, que mostrava como pessoas com deficiências físicas ou intelectuais têm se destacado no mercado de trabalho e no esporte, ouviu ainda a modelo Isadora Uiterwaal, que tem autismo, o professor Pitter Mendes, que tem deficiência visual, e a nadadora paraolímpica Camille Rodrigues.

Confira abaixo o trecho da matéria:

Uma repórter especial

Ela não fez ensino superior, mas não fica devendo nada a qualquer jornalista formado. Pelo contrário, Fernanda Honorato, de 32 anos, é outro exemplo de superação. Com perspicácia e determinação, ela conquistou seu espaço num ambiente profissional altamente competitivo e hoje se orgulha do fato de ser a primeira repórter com Síndrome de Down do mundo. Há seis anos Fernanda faz parte da equipe do Programa Especial da TV Brasil.

“Entrei no mercado de trabalho pelo meu potencial, meu empenho. Eu dei tudo de mim”, resume ela, que diz ter se inspirado na jornalista Fátima Bernardes.

Segundo Fernanda, o título de primeira repórter Down do mundo veio após um jornal carioca de grande circulação publicar uma nota com um feito seu: ela foi a única repórter a conseguir uma entrevista com a cantora Maria Bethânia num evento, deixando vários “colegas” de profissão no chinelo. A notícia rodou o mundo e foi parar na Itália, trazendo o reconhecimento.

“Três repórteres italianos vieram me entrevistar no Copacabana Palace”, conta, exibindo o exemplar da revista italiana Oggi de 2008 na qual a matéria foi publicada.

Engajada na luta em prol da inclusão social das pessoas com deficiência, a repórter especial também é voluntária do Movimento Down, uma união de organizações públicas e da sociedade civil, que surgiu para congregar informações e esforços dirigidos às pessoas com a síndrome e deficiência intelectual. Para ela, a oportunidade de emprego é um caminho eficaz para estabelecer essa inclusão social, mas acima de tudo, respeito é fundamental.

“Já sofri um preconceito quando morava em Foz do Iguaçu, o pai de um amigo disse a ele para não brincar comigo porque eu podia ser agressiva. Fiquei muito chateada, mas superei. Hoje, não vejo tanto preconceito, nossa geração tem lutado muito pela inclusão, e acho que no futuro será bem melhor. Até me param na rua para pedir autógrafos. Sou feliz do jeito que eu sou”.

Além de repórter, Fernanda é também rainha de bateria da primeira escola de samba inclusiva do mundo, a Embaixadores da Alegria, que abre o desfile das campeãs do carnaval carioca. Pelo posto, recebeu até uma medalha das mãos do Príncipe Harry em março deste ano. Ela faz questão ainda de lembrar que é musa da Portela.

“Não poderia esquecer na minha Portela querida”, completa.

E não param por aí as conquistas da jovem. Apesar de não ter muito tempo para treinar, ela consegue não só participar de competições de natação como ganhar medalhas, e também é atriz. Frequenta o grupo Teatro Novo (formado por pessoas com deficiência, autistas ou pessoas com Síndrome de Down), com sede em Charitas e dirigido pelo psicólogo Rubens Emerick Gripp, pelo qual viaja todo o país. E já fez até cinema.

“Atuei no filme Cromossomo 21 (longa sobre a relação de um casal com Down), mas meu sonho é fazer novela”, revela.

Mas Fernanda tem outros sonhos. Um deles é entrevistar ou ser entrevista por Marília Gabriela, outra inspiração sua.

“Quando ela era criança, brincava que era a Gabi. Não dormia enquanto não entrevistasse todo mundo da família. E nós tínhamos que interpretar artistas famosos senão não valia”, conta a mãe e companheira para todas as horas, Maria do Carmo Honorato, de 60 anos. “Minha filha é um exemplo para mim. Aprendi muito com ela. Ela é determinada, fala que vai conseguir e não desiste nunca”, completa.

Crédito da foto:Débora Nunes

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