Droga melhora a memória em pessoas com síndrome de Down

O Dr Alberto Costa e a filha Tyche.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Colorado descobriram uma droga que aumenta a função de memória em pacientes com síndrome de Down, um marco importante no tratamento desta ocorrência genética que poderia melhorar significativamente sua qualidade de vida.

“Até agora nunca houve nenhum resultado positivo na tentativa de melhorar as habilidades cognitivas em pessoas com síndrome de Down através de medicação”, disse o brasileiro Alberto Costa, médico e pesquisador, Ph.D., que liderou o estudo de quatro anos na Escola de Medicina da universidade. “Esta é a primeira vez que se conseguiu mostrar algum progresso, o que significa que o tratamento medicamentoso possível.”

O estudo foi publicado no dia 17 de julho na revista Psychiatry Translacional.

Costa, professor associado de medicina, e seus colegas estudaram 38 adolescentes e jovens adultos com síndrome de Down. Metade tomou a memantina droga, usada para tratar a doença de Alzheimer, e os outros tomaram placebo (uma pílula sem efeito).

A equipe de investigação considerou a hipótese de que a memantina, que melhorou a memória em ratinhos com síndrome de Down, poderia aumentar os resultados dos testes de jovens adultos com o transtorno na área de memória espacial e episódica, funções associadas com a região do hipocampo do cérebro.

Os participantes foram submetidos ao teste tomando memantina ou placebo durante16-semanas, enquanto os cientistas comparavam da função cognitiva adaptativa e de os dois grupos.

Mesmo sem constatar nenhuma diferença importante entre os grupos em habilidades de adaptação ou cognitiva, os pesquisadores descobriram que aqueles que tomaram a memantina mostraram uma melhora significativa na memória episódica verbal. Um dos indivíduos com funcionamento mais baixo no estudo teve sua habilidade de memória aumentada em dez vezes.

“As pessoas que tomaram o medicamento e memorizaram longas listas de palavras se saíram significativamente melhor do que aquelas que tomaram o placebo”, disse Costa, um neurocientista especializado em pesquisa da síndrome de Down. “Este é o primeiro passo em uma longa jornada para ver como podemos melhorar a qualidade de vida das pessoas com síndrome de Down.”

Atualmente, existem drogas que tratam os sintomas de condições médicas associadas à síndrome de Down, mas nenhuma para melhorar a função cerebral.

Em 2007, Costa demonstrou que a memantina podia melhorar a memória em ratos com síndrome de Down. Ele então partiu para replicar essas descobertas em um estudo clínico do medicamento em humanos.

“Este é um exemplo excelente da ciência translacional”, disse ele. “Nós usamos uma droga que funcionou bem em ratos e ela foi testado em humanos com resultados positivos.”

Embora o estudo tenha sido pequeno, os resultados poderiam ter implicações de longo alcance. Costa disse que em um estudo de acompanhamento será necessário utilizar um grupo maior de pessoas com síndrome de Down. Outro passo importante será a realização de estudos com jovens, em idade escolar com síndrome de Down. O cérebro deles se desenvolve mais rapidamente, e uma vez que eles estão na escola, poderiam ser testados rotineiramente de modo que os efeitos da droga poderiam ser cuidadosamente monitoreados. Isso pode demorar não mais que cinco anos.

Os pesquisadores também querem saber se a memantina pode afastar o aparecimento da doença de Alzheimer em pessoas com síndrome de Down. As duas condições mostram semelhanças notáveise os pesquisadores estão investigando como elas podem ser ligadas. Os bebês que nascem com síndrome de Down, por exemplo, muitas vezes carregam os marcadores biológicos para doença de Alzheimer.

“Muitas pessoas com síndrome de Down podem desenvolver doença de Alzheimer com seus 30 e poucos anos”, disse Costa. “Gostaríamos de saber se este medicamento pode diminuir ou mesmo interromper o desenvolvimento da doença em adultos com síndrome de Down.”

A memantina funciona através da normalização da função de um receptor de glutamato no cérebro conhecido como o N-metil-D-aspartato ou o receptor de NMDA.

“Esse receptor desempenha um papel central na memória e aprendizagem”, disse Costa.

Dada a pequena dimensão do estudo e a necessidade de mais pesquisas, Costa salientou que as pessoas não deveriam começar a tomar memantina para a síndrome de Down. Embora tenha sido comprovada segura e bem tolerada pelos participantes do estudo, os pesquisadores pedem cautela, afirmando que mais pesquisas precisam ser feitas para determinar se esta é uma opção viável de tratamento.

“Nosso estudo é um sinal importante e de esperança de que certas drogas podem aumentar a capacidade intelectual das pessoas com síndrome de Down”, disse ele. “Por mais de 30 anos, temos tentado, mas sido incapazes de melhorar a cognição na síndrome de Down. Agora, parece que podemos ser capazes disso”.

Costa tem uma participação importante na melhoria da vida das pessoas com síndrome de Down, a causa mais comum de deficiência intelectual. Ele tem uma filha de 17 anos de idade, com a condição.

“Para mim essa pesquisa não é meramente acadêmica”, disse ele. “Isso é pessoal.”

Por seu trabalho sobre síndrome de Down, a Escola de Medicina da Universidade do Colorado foi escolhido coma um dos nove centros de testes nacionais para um novo medicamento fabricado pelo laboratório Roche destinado a melhorar a memória em adultos com síndrome de Down. Costa é o investigador principal do centro de Colorado.

Ele dará uma palestra sobre sua mais recente pesquisa no dia 20 de julho,em Washington DC, na Reunião Anual 2012 e Simpósio Clínico do Grupo de Interesse de Médico de Síndrome de Down – EUA. A conferência está sendo realizada as 9h no Wardman Marriott Park, 2660 Woodley Rd. NW.

Os outros pesquisadores no estudo foram Richard Boada, Ph.D., Christa Hutaff-Lee, Ph.D., David Weitzenkamp,Ph.D., Timothy A. Benke, MD, Ph.D. e Edward J. Goldson, MD.

O estudo foi financiado pela bolsa NAM-58 do Instituto de Pesquisa Florestal. Durante o curso deste estudo, Costa também foi apoiado em parte por concessões do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health e Desenvolvimento Humano.

“Eu também sou grato ao Anna e John J. Sie Foundation, a Linda Crnic e o Instituto Coleman for Cognitive Disabilities por acreditar em minha pesquisa de todos estes anos. Este trabalho não teria sido possível sem o seu apoio nestes tempos econômicos difíceis “, disse Costa.

Para doar para as pesquisas do Dr Alberto Costa, clique no link abaixo

http://www.cufund.org/giving-opportunities/fund-description/?id=10145

Tradução – Patricia Almeida

Fonte: http://www.sciencedaily.com/releases/2012/07/120717141007.htm