Dicas para pais e profissionais

Geralmente os adolescentes com síndrome de Down são vistos sempre como crianças. Por isso, as transformações da adolescência e o início da vida adulta são etapas complicadas tanto para as pessoas com a síndrome quanto para os pais, que ficam angustiados com o crescimento dos filhos.

Sociabilidade
Os conflitos da adolescência se partilham e se elaboram em grupo. Uma das funções do grupo é a constituição da identidade do adolescente, que se dá em oposição em relação aos adultos. É comum que boa parte da dependência em relação aos pais se transforme em uma dependência em relação ao grupo, passo importante para a formação de sua individualização na idade adulta. No entanto, o adolescente ou o jovem adulto com a síndrome muitas vezes carece do grupo, o que pode levá-lo ao isolamento. Ele precisa de ajuda para entender as mudanças pelas quais está passando – precisa de informações sobre sexualidade, apoio nas relações afetivas, e fortalecimento de sua autoestima e desejo de crescer. Também devem ser estimulados a progredir no seu aprendizado escolar e na sua inserção no mercado de trabalho, ganhando mais responsabilidades condizentes com sua idade.

Sexualidade
Em muitos casos, o desenvolvimento sexual pode ser menos completo do que em outras crianças, apesar de haver variações nesse sentido – e casos, inclusive, em que a puberdade acontece de forma adiantada e há um descompasso entre características físicas, desenvolvimento mental e psicoafetivo. Em matéria de fertilidade, boa parte das meninas com síndrome de Down é fértil, ao contrário dos meninos, que geralmente são estéreis. Muitos pais enfrentam desconforto com o comportamento sexual dos filhos e negam ou ignoram sua sexualidade. É preciso entender que junto com esses fatores, os adolescentes passam por um importante processo de amadurecimento, que precisa do suporte dos pais – eles não são mais crianças e necessitam de apoio para lidar com esse início de vida adulta. Sobre contracepção, é importante orientar as meninas com síndrome de Down a respeito do tema pois, como vimos, muitas delas são férteis e precisam ter conhecimento sobre seu próprio corpo.

Depressão
Uma das questões a qual os pais devem ficar muito atentos é que essa etapa pode vir acompanhada do surgimento de quadros de depressão nos adolescentes com síndrome de Down. A própria tomada de consciência das suas limitações ou a negação delas, as mudanças corporais e a dificuldade de encontrar amigos podem levar à depressão que se manifesta de forma diferente das demais pessoas: perda de habilidade e de memória, menos motivação e atenção, alterações de apetite e sono, tendência ao isolamento, fragilidade afetiva e até como sintomas orgânicos – convém a realização de exames clínicos completos para descartar a ocorrência de problemas físicos.

Autoestima
Adolescentes com síndrome de Down devem receber um tratamento adequado para sua idade, estimulados a manter um grupo de amigos, ter liberdade para, considerando-se as limitações, fazer o mesmo que seus irmão e amigos, ter seu espaço respeitado. Para seu amadurecimento, é muito importante estimular sua autonomia e o ganho de mais responsabilidades. Da mesma forma, deve-se continuar o trabalho de construção de sua identidade em relação à síndrome, que tem início ainda na infância, para evitar comportamentos depressivos de negação – eles precisam estar conscientes das limitações da síndrome, mas também de suas múltiplas capacidades e potencialidades. O mais importante é ter em mente que educar é transmitir normas e conhecimento mas também permitir e estimular o crescimento e o amadurecimento.