Inclusão, uma das obras de arte de Inhotim

Rosemary Diniz Calisto tem síndrome de Down e trabalha no Inhotim.Rose e Felipe podem levar você para um passeio maravilhoso em meio à natureza exuberante e galerias e galerias de arte. Explicam sobre as obras, os artistas, as muitas peças ao ar livre. Ensinam também o mais valioso: a inclusão não só é possível, como é eficiente. Basta querer. E assim quis o Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Para fazer um tour por um dos maiores e mais importantes museus de arte contemporânea do Brasil, passando por jardins de esculturas, plantas incríveis, instalações criadas especialmente para abrigar determinadas obras de arte e, finalmente, as galerias, Rose e Felipe estão a postos.

Rosemary Diniz Calisto, 31 anos, é funcionária do Inhotim há quase oito anos, e trabalha como Monitora de Área nas Galerias, sendo responsável por zelar pelo espaço e pelas obras, e também fornecendo informações aos visitantes sobre os acervos artístico e paisagístico do Parque. Felipe Maia Santana, de 22 anos, funcionário do museu há três anos e meio, trabalha na recepção como Orientador de Público e é responsável por receber os visitantes, orientá-los em relação à utilização do mapa e fornecer informações sobre Inhotim. Os dois têm síndrome de Down e estão no seu primeiro emprego.

Felipe Maia Santana tem síndrome de Down e trabalha no Inhotim.“O Inhotim enxerga a contratação de pessoas com deficiência como uma forma de descobrir novos talentos e de ser um agente transformador. No Inhotim, as pessoas com deficiência são vistas com grande potencial, que vai além de sua deficiência, seja ela aparente ou não. O maior empenho do Inhotim ao contratar pessoas com deficiência é encontrar, em cada uma delas, a sua aptidão, o seu talento, o seu diferencial. Por meio de um mapeamento de competências, da verificação quanto às limitações físicas ou mentais, do seu estado emocional, essas pessoas são, cuidadosamente, apresentadas às suas áreas de trabalho. As áreas são escolhidas de acordo com a limitação de cada pessoa com deficiência e, também, com as competências por elas reconhecidas. Não procuramos atender apenas à acessibilidade, mas, também, o desenvolvimento pessoal, cognitivo e emocional de cada uma delas”, explica Raquel Murad, analista de Recursos Humanos do Inhotim.

Rose e Felipe adoram se relacionar com o público – e recebem sempre muitos elogios! A maior dificuldade dos dois no dia a dia do trabalho é quando há pouco movimento no parque, porque sentem falta do contato com as pessoas. Mas estes são dias bem raros. No início, as famílias dos jovens ficaram reticentes, mas o ânimo para começar um trabalho acabou sendo muito maior.

“O Inhotim queria muito tê-los na equipe porque os dois demonstraram um entusiasmo imenso para trabalhar aqui. Os pais foram percebendo como a oportunidade faria bem a eles. Então, escolhemos com cuidado as áreas de trabalho da Rose e do Felipe, respeitando suas deficiências e priorizando o desenvolvimento de cada um deles. As áreas do Inhotim foram preparadas para recebê-los. Os gestores conheceram, antecipadamente, cada um deles, bem como seus familiares, para que esse laço fosse acontecendo antes mesmo do primeiro dia de trabalho. Nosso maior objetivo era deixá-los à vontade e seguros. E Conseguimos”, comemora Raquel.

Segundo a analista de RH, o papel do Inhotim é de praticar a Inclusão, principalmente considerando todas as oportunidades que existem no mundo contemporâneo.

“A ideia é que as pessoas que vêm ao Inhotim descubram tanto o Parque quanto a si mesmas É gratificante poder ajudá-las a enxergar em si muito mais que uma deficiência, muito mais que uma limitação. A alegria está em proporcionar, a cada uma dessas pessoas, a certeza de que elas podem acreditar em um mundo sem barreiras, pois cada uma delas representa um universo único e rico de possibilidades. É um trabalho muito bonito e gratificante, pois mostramos, a todos e a nós mesmos, que a inclusão está dentro de cada um”, diz a analista.

Por: Simone Intrator

Foto: William Gomes