A dignidade das pessoas com deficiência intelectual

John Franklin Stephens tem síndrome de Down, uma deficiência intelectual, e é atleta e mensageiro global do Special Olympiscs. Na foto, ele acena para o público após fazer um discurso.Depois que a  jornalista americana Ann Coulter se referiu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, como retardado durante o debate presidencial realizado na noite da última segunda-feira, o atleta e mensageiro global do Special Olympics (Olimpíadas Especiais), John Franklin, que tem síndrome de Down, escreveu essa carta a ela sobre as pessoas com deficiência intelectual:

 

“Cara Ann Coulter,

 

Vamos lá, senhora Coulter, você não é burra e nem superficial. Então por que você está continuamente usando essa palavra que começa com R como um insulto? Eu sou um homem de 30 anos com síndrome de Down e batalhei durante toda a minha vida contra a percepção pública de que ter uma deficiência intelectual significa que eu sou burro e superficial. Não sou nenhuma dessas coisas, mas entendo a informação de maneira mais lenta que vocês. Para ser sincero, demorei o dia todo para pensar em como responder ao seu uso da palavra que começa com R na noite do debate. Inicialmente eu pensei em perguntar se você quis descrever o Presidente como alguém que sofreu bullying quando criança por pessoas como você, mas superaram isso e encontraram um caminho de sucesso na vida, assim como muitos dos meus companheiros do Special Olympics. Depois eu me questionei se você quis descrevê-lo como alguém que tem que pensar cuidadosamente o tempo todo sobre o que diz, já que muitas pessoas estão sempre à espreita para julgar e condenar o que ele diz. Finalmente, eu me perguntei se você quis degradá-lo como alguém que recebe um atendimento de saúde precário, vive em uma casa ruim, recebe um baixo salário e ainda consegue ver a vida como um presente maravilhoso. Porque, senhora Coulter, é isso que somos – e muito, muito mais que isso. Depois que eu vi o seu comentário, percebi que você só queria desmerecer o Presidente conectando-o a pessoas como eu. Você supôs que as pessoas iriam entender e aceitar que ser conectado a alguém como eu é um insulto e você achou que poderia escapar de tudo isso e ainda aparecer na TV. Eu gostaria de saber se você considerou outras palavras de ódio, mas quis fugir da repercussão. Bem, senhora Coulter, você e a sociedade precisam aprender que ser comparado a alguém como eu deveria ser considerado uma honra. Ninguém supera mais desafios que nós e continua amando a vida dessa forma. Venha se juntar a nós no Special Olympics algum dia. Veja se você consegue ir embora com o seu coração inalterado.

 

Um amigo que você ainda não fez,

John Franklin Stephens

Mensageiro Global do Special Olympics, Virgínia”