Olimpíada do Conhecimento reúne competidores com síndrome de Down

Competidores na área de panificação. Foto: Caroline Pilz Pinnow, da FIEMT.
Competidores na área de panificação. Foto: Caroline Pilz Pinnow, da FIEMT.

Um grupo de 44 competidores com diferentes deficiências, incluindo síndrome de Down, estão participando da 8ª edição da Olimpíada do Conhecimento do Senai, que acontece desde o último dia 3 de setembro até o próximo domingo, dia 7, em Belo Horizonte, Minas Gerais. A competição reúne mais de 800 estudantes, divididos em 58 ocupações técnicas ligadas a indústria, setor de serviços e agropecuária. Durante os quatro dias, os concorrentes – alunos do SENAI, Senac e Institutos Federais de Tecnologia – realizam tarefas semelhantes às que teriam de desempenhar em situações reais nas empresas.

Essa é a segunda vez que pessoas com deficiência participam da competição.  Entre os 44 competidores com deficiência, 10 têm síndrome de Down e atuam na área de panificação.

Cada um competiu no seu estado (Maranhão, São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Rondônia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Paraíba, Paraná, Goiás, Minas Gerais) e virou campeão regional, sendo escolhido para essa competição nacional. No mês passado, participaram ainda de um simulado em Cuiabá, também pelo SENAI. Todos garantem que vão ganhar a medalha de ouro no domingo.

Os competidores precisam de habilidade no preparo dos pães. Foto: Christiane Aquino.
Os competidores precisam de habilidade no preparo dos pães. Foto: Christiane Aquino.

Os concorrentes com síndrome de Down são a Jaqueline, de 23 anos, do Mato Grosso, o João, de 19 anos, do Rio de Janeiro, a Jussara, de 20 anos, de Alagoas, a Kandyce, de 38 anos, do Rio Grande do Norte, a Katianne, de 26 anos, do Maranhão, o Marcus, de 19 anos, de Goiás, a Marfiza, de 33 anos, de Minas Gerais, a Raquel, de 32 anos, do Paraná, o Rodrigo, de 20 anos, de Rondônia, e o Víctor, de 17 anos, de São Paulo.

O coordenador técnico e avaliador do SENAI, Marcos Cruz, explica os critérios de avaliação. Na panificação, por exemplo, que é uma tarefa artesanal combinada com muita tecnologia, as tarefas e os produtos finais dos alunos serão analisados em vários critérios: quantidade dos ingredientes, peso, coloração, aspecto visual, sabor, textura, alveolação de miolo, aroma, umidade, maciez, uniformidade e padronização. Cada critério é composto de pontos objetivos (como peso) e subjetivos. Se não cumpriu, zera aquele critério.

A competição é dividida em quatro módulos: massa salgada, massa doce, massa semidoce e produto livre. Cada módulo vale 25 pontos e é executado em um dia de prova. Ao final da competição, somam-se os pontos obtidos em cada dia para saber quem serão os vencedores (medalhas de ouro, prata e bronze).

“A exigência é muito alta então a acessibilidade é fundamental para que o competidor entenda o que está sendo proposto e faça tudo sozinho. Se o competidor tem dificuldade para ler, a gente usa figuras ao lado das instruções nos documentos, mas ele precisa fazer todas as etapas e avaliar sozinho se está na hora ou não se assar o pão, por exemplo”, explica Marcos.

Perguntamos ao coordenador o que os competidores da versão anterior estavam fazendo hoje e a resposta foi uma surpresa positiva. “Estão todos empregados na área de panificação. O competidor de São Paulo, não está somente empregado, como os papéis se inverteram. Pai e mãe, que poderiam estar sustentando um filho com síndrome de Down, estão sendo sustentados! Ele está empregado e ele sozinho sustenta pais e irmãos, cumpre horário, tem carteira assinada,” conta.

A Olimpíada termina no próximo domingo, quando serão revelados os três primeiros colocados. O Movimento Down está acompanhando o processo de perto e vai trazer o resultado da competição com a história de alguns competidores.